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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Tina voltou...


...mais míope que nunca!

Estou enxergando novos nomes em tudo o que vejo de errado por aí. Olha só os exemplos que selecionei para você e tire suas próprias conclusões:

- Intolerância à imbecilidade virou dificuldade de lidar com o contraditório.
- Criança levada é hiperativa; estudante negligente tem déficit de atenção.
- "Zoação" de adolescente virou bulling criminoso até que se prove o contrário.
- Demissão de funcionário incompetente é assédio moral; elogio de funcionaria competente, sexual.
- Favela é palavrão; correto é comunidade (ainda que, em muitos casos, nada tenha mudado).
- Não trabalhar é o mesmo que ser chefe (ou gestor); honestidade virou diferencial de mercado (para o bem ou para o mal, dependendo de onde se está).
- Engordar é crime hediondo sujeito à pena de isolamento social.

Tô exagerando? Então dê o devido desconto. Ainda assim você vai perceber que existe um novo vírus no ar. Cuidado! Ele se espalha muito rápido: é o hypókrisis semantiké.

Em época de escassez de tempo para lidar com tantas dificuldades é um oásis para nossa sociedade dar novos nomes a velhos problemas...

sábado, 8 de outubro de 2011

Gafes

As gafes fazem parte da vida. A parte arteira da vida. São simples, ingênuas e verdadeiras. Geralmente surgem nos momentos mais inesperados. Eliminam defesas. Expõe medos, fraquezas e limitações. Na minha imaginação, a história com elas se dá mais ou menos assim. O comando central dispara a ordem: “Atenção! Atenção! Acionar gafe. Favor desprogramar defesas e liberar travas!". Quando isso acontece, cuidado! Muita coisa pode acontecer. No ano passado, minha amiga Alice (nome fictício) resolveu preparar uma surpresa para o marido que estava viajando a trabalho há mais de um mês. Ela soube que ele voltaria para casa na semana anterior à data programada. A secretária descobriu a novidade. O plano inicial era pegá-lo no aeroporto e curtir um jantar em grande estilo. Depois de tanto tempo sem se verem, Alice queria que tudo saísse romanticamente perfeito. Foi então que se lembrou da cena do filme “Uma Linda Mulher”, onde Julia Roberts aguarda Richard Gere no quarto de um hotel vestida com uma gravata masculina. “Bingo!”, pensou Alice. Pensou não. Ela fez. Toda a cena. Com direito a detalhes cinematográficos: taças de champanhe e frutas vermelhas para erotizar ainda mais o ambiente. No dia D, preparou-se cedo e aguardou ansiosa o horário da chegada do amado. Em casa. Sentada na sala. E pelada. Ela com seu perfume. Pensativa. Ansiosa. Feliz. Aguardando a entrada triunfal: Dele. Não demorou muito. Ouviu o carro estacionando na garagem. O mesmo giro da chave na porta. Passos firmes no hall. Finalmente havia chegado. Estava bem ali. Parado. Lindo e charmoso como sempre. Mas havia algo errado. Algo que não conseguiu entender de imediato e que a deixou constrangida. Era o olhar dele. Frio como o gelo que agora balançava dentro da taça trêmula. Aquele olhar congelou sua reação de tal forma que ficou muda e imóvel por uma eternidade. O que teria acontecido? O que teria feito de errado? Exagerara na surpresa? Qual o problema? Teria sido a gravata? O champagne? Mas o que..? Foi então que os gritos trouxeram-na de volta à realidade. “Onde ele está, Alice? Onde se escondeu o canalha? Diga logo!!! Onde ele está???” Foi aí que ela entendeu tudo. Ele também imaginara fazer uma surpresa. Tanto que saiu percorrendo todos os cômodos da casa atrás do "suposto" amante, sem querer escutar as explicações ou dar bola para as lágrimas da esposa. “Não é nada disso que você está pensando”, disse ela. O clichê era a mais pura verdade. Depois de muita briga, histeria e choro resolveram dar um tempo. Foi o suficiente. No mês seguinte estavam separados. Tempos depois, tudo devidamente esclarecido, tiveram a cara de pau de por a culpa nela. Na gafe. Uma simples gafe destruiu sozinha 15 anos de um casamento perfeito. Foi a explicação dada. A única coisa que não conseguiram explicar e nem descobrir até hoje foi se a gafe havia sido dela ou dele...